domingo, 8 de junho de 2014

JIHAD NO BRASIL: A REVOLTA DOS MALÊS


 


Há 179 anos atrás o Brasil conheceu a força do Islam, em 25 de janeiro de 1835 a noite da cidade de Salvador na Bahia ficaria para a historia, independente dos esforços para apaga-la a luz dessa revolta deve brilhar e ser um exemplo no coração de cada negro e de cada malê.
   Nesta noite aconteceu a Revolta dos Malês. Mas quem são os malês? A vocábulo “male” deriva da palavra da língua iorubá “imale”, que significa muçulmano. Esta revolta significou uma luta contra a escravidão, a monarquia e a intolerância religiosa aplicada pelo império português. Eram considerados malês os negros muçulmanos que resistiram e reagiram à imposição do catolicismo, mantendo sua crença e cultura. Bastante instruídos, por vezes, até mais do que seus senhores, os malês organizaram inúmeros levantes, o mais conhecido é a Revolta dos Malês.
 É importante ressaltar a importância  do Islam nesta revolta, assim como sua importância na sociedade Baiana escravocrata.
  Gilberto Freire, em seu clássico Casa Grande e Senzala, ao falar sobre os sudaneses e sua importância na propagação do Islamismo cita que: Notou o Abade Étienne que o Islamismo ramificou-se no Brasil em seita poderosa, florescendo no escuro das senzalas. Que da África vieram mestres e pregadores a fim de ensinarem a ler no árabe os livros do Alcorão. Que aqui funcionaram escolas e casas de oração maometanas.
  Freyre afirma que: “È que nas senzalas da Bahia de 1835 havia talvez maior numero de gente sabendo ler e escrever do que no alto das casas-grandes.”Isto mostra que o grau de desenvolvimento intelectual entre os escravos era superior ao da maioria dos senhores brancos
  Também deve se dar destaque o misticismo e a importância da figura conhecida como Alufá, estes foram os grandes organizadores da revolta, homens com conhecimentos sobre a religião e que atuavam como conselheiros. Os malês portavam junto a eles amuletos onde haviam inscrições em árabe, passagens do sagrado alcorão e rezas, – pedindo  proteção contra os males desta terra e da outra – mostra que esses muçulmanos eram adeptos da corrente sufista, uma vertente do Islã que era extremamente popular, além de  predominante no Magreb. 
De acordo com o historiador João José Reis:
“durante o levante, seus seguidores ocuparam as ruas usando roupas islâmicas e amuletos contendo passagens do Alcorão, sob cuja proteção acreditavam estar de corpo fechado contra as balas e as espadas dos soldados”. 
Os revoltosos conseguiram chegar ao quartel da cidade, la buscavam libertar os escravos presos e a partir daí acabar com o regime escravocrata e a dominação portuguesa no local, criando um Estado islâmico, assassinando os brancos causando uma africanização da cidade de Salvador. O plano não deu certo pois a delação feita por dois negros libertos acionou um conflito entre as tropas imperiais e os negros malês. Sem contar com as mesmas condições das forças repressoras do Império, o movimento foi controlado e seus envolvidos punidos de forma diversa. Apesar de não alcançar o triunfo esperado, a Revolta dos Malês abalou as elites baianas mediante a possibilidade de uma revolta geral dos escravos.
Na revolta escravos de origem nagôs, também conhecidos como iorubas, e de outras etnias como a Haussás se revoltaram e buscaram por um fim ao Império português e fundar um khalifado na Bahia. Esta revolta começou a ser planejada anos antes com a destruição da Mesquita da Vitória (possivelmente a primeira mesquita do Brasil), no dia programado pra tal, uma festa religiosa na cidade de Bonfim esvaziara Salvador assim ocasionando melhores condições para o plano. A revolta contou com cerca de 800 escravos, pode parecer pouco visto somente a questão numerosa, porém de acordo com João José Reis, os 600 manifestantes identificados na época pelas autoridades, nos dias atuais representariam algo em torno de 24 mil pessoas.


Apesar de não ser muito divulgada a Revolta dos Malês foi a primeira grande revolta contra a escravidão, existe alguns bons livros que podem ser lidos como: Malês a insurreição das senzalas; Bantus, Malês e a identidade negra; Malês: os negros bruxos. E seu tema foi a letra para algumas musicas. Além de ser um importante significado de luta para os seguidores da cultura negra no Brasil. Os malês e sua revolta deixaram no Brasil e na cultura baiana diversos traços como o uso de abadá, xale, patuá, e de veste brancas na sexta-feira, o misticismo, a luta de capoeira(capoeira mata um, mata mil), além da culinaria.
  Esta revolta foi uma mostra do poder do Islam, e de que se nos unimos podemos conseguir e iniciar coisas grandiosas, não so no Brasil mas no mundo todo, sobre uma bandeira La ila ila Allah, sobre um objetivo um mundo mais justos, sem a opressão e as mazelas do atual.
  Então que Deus abençoe Luiza Mahim, uma das lideras da revolta e mãe do escritor e abolicionista Luiz da Gama. Manoel Calafate, e todos os outros guerreiros que participaram desta primeira Jihad em solo Brasileiro.

 

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