Há 179
anos atrás o Brasil conheceu a força do Islam, em 25 de janeiro de 1835
a noite da cidade de Salvador na Bahia ficaria para a historia, independente
dos esforços para apaga-la a luz dessa revolta deve brilhar e ser um exemplo no
coração de cada negro e de cada malê.
Nesta noite aconteceu a Revolta dos Malês.
Mas quem são os malês? A vocábulo “male” deriva da palavra da língua
iorubá “imale”, que significa muçulmano. Esta revolta significou uma luta
contra a escravidão, a monarquia e a intolerância religiosa aplicada pelo
império português. Eram considerados malês os negros muçulmanos que resistiram
e reagiram à imposição do catolicismo, mantendo sua crença e cultura. Bastante
instruídos, por vezes, até mais do que seus senhores, os malês organizaram
inúmeros levantes, o mais conhecido é a Revolta dos Malês.
É importante ressaltar a importância do Islam nesta revolta, assim como sua importância na sociedade
Baiana escravocrata.
Gilberto Freire, em seu
clássico Casa Grande e Senzala, ao falar sobre os sudaneses e sua importância
na propagação do Islamismo cita que: Notou o Abade Étienne
que o Islamismo ramificou-se no Brasil em seita poderosa, florescendo no escuro
das senzalas. Que da África vieram mestres e pregadores a fim de ensinarem a
ler no árabe os livros do Alcorão. Que aqui funcionaram escolas e casas de
oração maometanas.
Freyre afirma que: “È que nas senzalas da Bahia de 1835
havia talvez maior numero de gente sabendo ler e escrever do que no alto das
casas-grandes.”Isto mostra que o grau de desenvolvimento intelectual entre os
escravos era superior ao da maioria dos senhores brancos
Também deve se dar destaque o misticismo e a importância da
figura conhecida como Alufá, estes foram os grandes organizadores da revolta,
homens com conhecimentos sobre a religião e que atuavam como conselheiros. Os
malês portavam junto a eles amuletos onde haviam inscrições em árabe, passagens
do sagrado alcorão e rezas, – pedindo proteção contra os males desta
terra e da outra – mostra que esses muçulmanos eram adeptos da corrente
sufista, uma vertente do Islã que era extremamente popular, além de
predominante no Magreb.
De acordo com o historiador João José Reis:
“durante o levante, seus seguidores ocuparam as ruas
usando roupas islâmicas e amuletos contendo passagens do Alcorão, sob cuja
proteção acreditavam estar de corpo fechado contra as balas e as espadas dos
soldados”.
Os revoltosos conseguiram chegar ao quartel da cidade, la
buscavam libertar os escravos presos e a partir daí acabar com o regime
escravocrata e a dominação portuguesa no local, criando um Estado islâmico, assassinando
os brancos causando uma africanização da cidade de Salvador. O plano não deu
certo pois a delação feita por dois negros libertos acionou um conflito
entre as tropas imperiais e os negros malês. Sem contar com as mesmas condições
das forças repressoras do Império, o movimento foi controlado e seus envolvidos
punidos de forma diversa. Apesar de não alcançar o triunfo esperado, a Revolta
dos Malês abalou as elites baianas mediante a possibilidade de uma revolta
geral dos escravos.
Na revolta escravos de origem nagôs, também conhecidos
como iorubas, e de outras etnias como a Haussás se revoltaram e buscaram por um
fim ao Império português e fundar um khalifado na Bahia. Esta revolta começou a ser planejada anos antes
com a destruição da Mesquita da Vitória (possivelmente a primeira mesquita do
Brasil), no dia programado pra tal, uma festa religiosa na cidade de Bonfim
esvaziara Salvador assim ocasionando melhores condições para o plano. A revolta
contou com cerca de 800 escravos, pode parecer pouco visto somente a questão
numerosa, porém de acordo com João José Reis, os 600 manifestantes
identificados na época pelas autoridades, nos dias atuais representariam algo
em torno de 24 mil pessoas.
Apesar de não ser muito divulgada a Revolta dos Malês foi a
primeira grande revolta contra a escravidão, existe alguns bons livros que
podem ser lidos como: Malês a insurreição das senzalas; Bantus, Malês e a
identidade negra; Malês: os negros bruxos. E seu tema foi a letra para algumas musicas. Além de ser um importante significado de luta para os seguidores da cultura negra no Brasil. Os malês e sua revolta deixaram no Brasil e na cultura baiana diversos traços como o uso de abadá, xale, patuá, e de veste brancas na sexta-feira, o misticismo, a luta de capoeira(capoeira mata um, mata mil), além da culinaria.
Esta revolta foi uma mostra do poder do Islam, e de que se nos unimos podemos conseguir e iniciar coisas grandiosas, não so no Brasil mas no mundo todo, sobre uma bandeira La ila ila Allah, sobre um objetivo um mundo mais justos, sem a opressão e as mazelas do atual.
Então que Deus abençoe Luiza Mahim, uma das lideras da
revolta e mãe do escritor e abolicionista Luiz da Gama. Manoel Calafate, e
todos os outros guerreiros que participaram desta primeira Jihad em solo
Brasileiro.